Estratégia de gerenciamento
por Alvaro Gomes
Havia dois amigos, e ambos eram gerentes de duas das maiores indústrias automotivas situadas no país. Eles estavam discutindo sobre uma forma de identificar os funcionários em suas empresas.
Na época, a espionagem industrial estava em alta, e era quase impossível em meio a tantos funcionários, e tantas contratações ter a certeza de que alguém que você não conhecia se tratava de um funcionário ou não. Então eles descobriram que outras empresas utilizavam um acessório que cada funcionário portava na altura do peito, onde havia uma foto do mesmo, seu nome e o nome da empresa, e gostando dessa idéia, eles resolveram implantá-la.
O gerente da empresa (A) pensou em uma forma de convencer todos os funcionários a utilizar dessa novidade, pois sabia que em meio a tantas pessoas, alguns concordariam e outros reclamariam. Sabe como é operário! Adoram criticar as decisões da gerência. Mas no final ele pensou:
“Eu sou o gerente! O que eu disser eles terão que acatar quer queiram ou não. Vão usar o crachá, pronto e acabou”.
Em uma coisa ele tinha razão. Quando fez o anúncio da novidade para os funcionários muitos reclamaram e disseram:
“Não vou usar isso! É ridículo! Não vou ficar com um pedaço de plástico com uma foto pendurada no peito. Todos aqui me conhecem! Todos sabem o meu nome! Daqui a pouco vão querer que eu ande com esse tal de crachá colado na testa!”.
Se fosse um funcionário apenas, ele resolveria o problema demitindo-o. Mas era metade da empresa. Então ele sentiu-se obrigado a desistir da idéia.
Meses depois, ele encontrou-se com seu amigo, o gerente da empresa (B) e disse o que havia acontecido. Perguntou ao amigo se ele obteve êxito com seus funcionários, e ficou surpreso em saber que a implantação do crachá na empresa (B) havia sido um sucesso.
Mas qual o segredo? Será que há uma diferença no perfil dos funcionários das duas empresas? Como ele conseguiu tao proeza?
Na verdade a diferença não estava nas pessoas, mas sim na estratégia que foi utilizada para a implantação do sistema.
Ao perguntar ao amigo a forma em que ele havia convencido os funcionários a utilizarem o crachá, ele obteve a seguinte resposta:
Eu não os convenci. Eles me convenceram!
Eles o convenceram? Como assim?
Simples! Eu usei uma ESTRATÉGIA DE GERENCIAMENTO.
Então me explique por favor.
Pedi que fizesse um crachá para todos os encarregados e um para mim, e deixei que eles andassem pela fábrica exibindo a novidade.
Quando os outros funcionários perceberam o que havia de diferente, perguntaram entre eles:
O que será aquilo? Será que todos teremos que usar isso também?
Os dias foram se passando, e eles ficaram incomodados com o fato. E quando eu menos esperei, havia uma comissão formada por eles que ao me procurarem, questionaram o motivo de somente os encarregados e eu possuirmos crachás, e disseram:
“Por que nós não ganhamos crachás? Por acaso também não somos funcionários da empresa? Você está descriminando a classe operária?”
Então eu respondi:
“Não é nada disso! O crachá é um sistema que estou querendo implantar a tempos, e é para todos. Fiquem tranqüilos, que já estou providenciando o de vocês. Só não o fiz antes por falta de recursos, mas tudo está sendo resolvido”.
Então, quando chegaram o restante dos crachás, todos usaram e os exibiram orgulhosos.