O poder da observação
por Alvaro Gomes
Muitas vezes nos colocamos a admirar as criações de algumas pessoas e chegamos a questionar o talento delas comparado a nossa capacidade de criação e inovação.
Achamos que há sempre um algo por trás de tais realizações, pode ser dinheiro, um dom, a inteligência, enfim. Mas nenhuma grande idéia surge na mente do ser humano se não houver algo visível que catalise essa idéia. Portanto, o maior atributo que o ser humano possui para criar, inovar, realizar, construir e transformar é o seu “Poder de observação”.
Mark Zuckerberg, não haveria criado o “facebook” se não fosse por ter observado o quanto as pessoas gostam de se exporem e de exporem suas idéias, suas opiniões, e até as suas próprias vidas, podendo então assim, serem vistas por várias outras pessoas. Podemos dizer que ele é um visionário? Evidente que sim! Ele é um visionário.
Já diziam os antigos filósofos que a própria inteligência que o ser humano tão valoriza nada mais é que o resultado culminante da sua força de vontade em querer aprender.
"A inteligência é um farol que ilumina o caminho, mas não me faz caminhar. Demócrito (460 a.c)
Vamos tomar como exemplo Albert Einstein com todos os seus estudos e descobertas em favor da física. Será que se quando criança ele fosse colocado e trancado em uma sala vazia apenas com um lápis e um papel nas mãos ele conseguiria realizar todos os seus feitos? Obvio que não. Ele nada faria se não fosse pela sua curiosidade em querer entender como as coisas aconteciam através de sua observação.
Observar é a ferramenta principal para se gerar uma grande idéia, e às vezes por simples que ela seja, pode ser capaz de mudar todo um conceito, mudar uma vida, salvar um negócio que está à beira de uma possível falência, ou seja, a observação é uma arma precisa que todos nós possuímos porte para poder usá-la.
Tudo que compramos, tudo que consumimos são exemplos de coisas que foram criadas e inventadas para suprir eventuais necessidades que foram previamente observadas por alguém. O refrigerante que bebemos, o hambúrguer que nos faz mal, mas comemos e gostamos, são exemplos de produtos que foram criados por meio de uma simples observação. Todos nós conhecemos a história do xarope que virou coca-cola, a descoberta da penicilina, enfim. Descobertas que trouxeram grandes benefícios a humanidade, nesse caso eu falo apenas da penicilina.
Mas infelizmente a nossa sociedade contemporânea é uma sociedade pobre em observação. Com a evolução dos aparelhos celulares, as pessoas estão cada vez mais presas ou com sua atenção totalmente voltada a uma tela de 75.6 mm e esquecem de olharem o que está acontecendo ao seu redor.
Não é preciso voltar muito no tempo para lembrar de como era diferente o comportamento das pessoas quando não havia tais tecnologias. Quer um exemplo?
Imagine você viajando em um trem do metrô no final da década de noventa. Como as pessoas se comportavam?
As que não estavam conversando umas com as outras, estavam observando o mundo do lado de fora, aliás, todas queriam sentar-se na janela justamente para isso. Outras estavam lendo um livro, um artigo, ou qualquer outra coisa. É interessante, mas parece que todos nós nos dias atuais trazemos conosco alguma informação genética que diz que ao entrarmos em algum transporte coletivo, temos que procurar um lugar próximo a janela, mas por qual será o motivo de hoje querermos nos sentar ao lado da janela se já não mais olhamos através dela?
Direcionamos toda nossa atenção a um i phone e nos desligamos de todo o resto, e se não queremos se quer observar o mundo através dos vidros de um metrô, quem dirá puxar assunto com alguém que nem conhecemos, ou a ler um artigo, um livro, ou alguma revista de assuntos atuais.
Experimente fazer uma teste. Poste em sua rede social algum artigo sobre algo interessante ou que seja realmente importante como, por exemplo; Os avanços da medicina no combate ao vírus HIV, os novos tratamentos contra o câncer, a descoberta de alguma molécula revolucionária, depois poste na mesma rede a seguinte frase; “Hoje acordei de saco cheio de tudo!” Veja quantas pessoas irão curtir o seu artigo, e quantas irão curtir a sua frase.
É claro que a grande maioria das pessoas irá curtir a sua frase, por quê? Óbvio! Elas não lerão o arquivo, e não será pela falta de tempo, será por terem preguiça ou por não despertarem nenhum interesse.
Tornamo-nos seres preguiçosos. Perdemos a curiosidade de entender determinadas coisas. Acostumamos a receber todas as informações já mastigadas ou preferencialmente prontas. Perdemos o “querer”, a vontade de aprender.
Não observamos mais o mundo. Já não damos mais atenção às pessoas. Queremos sim ser notados, mas não dedicamos um minuto se quer do nosso tempo para fazer algo que realmente seja digno de atenção.
Precisamos voltar a ser pessoas focadas em observar, criar e inovar, e não ficarmos presos a um mundo onde queremos constantemente ser observados mesmo sem termos criado nada, em favor de nada, ou nada que realmente possa ser útil as outras pessoas. Seria bom se todos nós pensássemos sobre isso.
“É preciso voltar a querer”