Onde está o erro?

por Alvaro Gomes

 

          Em uma renomada empresa de segmento cosmético, havia uma linha de embalagem onde trabalhavam quinze funcionários sendo um deles recentemente promovido a líder.

 

          O gerente deu-lhe autonomia para tomar decisões que fossem ora pertinentes ao trabalho, ou mesmo no que dizia respeito ao desempenho individual dos outros colaboradores.

 

          Ele estava na empresa há aproximadamente vinte e cinco anos, tinha a total confiança de seu gestor e o respeito de todos os seus colegas.

 

          Era admirado por ser o colaborador com mais tempo de casa, tanto que foi unânime sua indicação para o cargo. Todos o apoiavam.

 

          Um dia ao ser confrontado por um operador em decorrência de uma decisão que havia tomado, comentou o ocorrido com seu superior fazendo com que o operador fosse repreendido. A partir de então esse tipo de conduta tornou-se hábito, e sempre que algo o aborrecia ou se alguém o contrariasse era dessa forma que ele procedia.

 

          Como sendo um líder, ele achava que quanto mais feedbacks negativos ele levasse ao gerente, maior seria o reconhecimento e a moral que ele viria a receber do mesmo.

 

          Ele não se atentou ao fato de que seu comportamento estava afastando as pessoas, gerando problemas de relacionamento e criando um clima nada agradável no ambiente de trabalho.

 

          Em uma oportunidade ele reclamou ao seu gerente sobre a conduta de uma das funcionárias, criticando seu comportamento e seu comprometimento com o trabalho. Atento a tudo que foi lhe dito, o gerente disse-lhe para que procurasse uma forma de resolver a situação sem causar nenhum desconforto a funcionária.

 

          Insatisfeito com o que havia conseguido com o gerente, voltou-se a suas atividades e ao invés de fazer o que lhe foi pedido, omitiu-se e deixou com que as coisas permanecessem do mesmo jeito, pois já não era interessante trabalhar as pessoas em busca de ajudá-las a corrigir seus erros.

 

          Para ele um funcionário que não lhe trouxesse resultados satisfatórios deveria ser cortado do time, e seu ego de chefe aumentava sempre que alguém era punido, tendo ele envolvimento direto com isso.

 

          O desempenho da linha de embalagem em menos de um ano havia caído drasticamente, e muitos eram os motivos que levaram o setor a ter essa queda.

 

          Para o líder tudo era irrelevante, pois as causas para tal resultado ele tinha na ponta da língua, e nomes era o que não faltava para serem apontados e colocados na conhecida zona de desconforto.

 

          Quando foi questionado sobre os baixos resultados da linha, ele passou o feedback de pelo menos cinco funcionários e atribuiu a eles os baixos rendimentos. Foi quando o gerente disse-lhe que avaliaria a situação e que mudanças ocorreriam nos próximos dias.

 

          Tendo em mente o que estava por vir, ele retornou a sua “zona de conforto” e agiu perante seus colegas de linha com naturalidade, como alguém que sabia de algo e que com certeza era a única pessoa que não precisava se preocupar porque o que tinha que ser feito, foi feito, e que mais uma vez a sua opinião havia impactado diretamente na decisão que seria tomada pela gerência, e ele estava certo.

 

          Ao se passar uma semana, o gerente reuniu todos os colaboradores da linha e anunciou a demissão do líder.

 

                   

 

                      “O poder é uma arma que pode atingir a muitos, inclusive a você mesmo”.