Aprendizagem contínua
por Alvaro Gomes
Um jovem ficou muito impressionado quando viu ao passar em frente a um clube de xadrez, um homem fazendo uma demonstração onde enfrentava dez oponentes de uma só vez. Ficou admirado em ver que as dez partidas foram vencidas por ele que já carregava consigo o título de mestre naquele esporte. O segundo mais praticado do mundo.
Mesmo sem nunca ter tido contato com um tabuleiro de xadrez, para o jovem foi amor a primeira vista. Sentiu-se atraído pela magia daquele jogo que exigia tanta concentração e inteligência por se tratar de uma atividade que envolvia competição, alto rendimento e excelente desempenho mental. Foi quando decidiu procurar aquele mestre para pedir-lhe que o ensinasse.
Se a derrota fosse motivo suficiente para fazer com que alguém desistisse de buscar alcançar um objetivo, esse jovem já haveria desistido nos primeiros dias porque inúmeras eram as derrotas que sofria em sua aprendizagem, mas ele não desistiu.
Em média as partidas demoravam cerca de cinco minutos porque esse era o tempo necessário para que seu mestre lhe aplicasse o chamado “xeque mate” mas pra ele isso não importava porque tendo as partidas tão pouco tempo de duração, logo poderia iniciar outras e a cada nova partida mais eram as oportunidades em aprender.
Para seu mestre era interessante ter alguém tão empenhado, porque isso o ajudava a praticar suas jogadas que para ele eram infalíveis. Mas não deixava de reconhecer que com o passar do tempo as partidas começaram a ser mais demoradas, o que para ele já era algo surpreendente.
Cinco minutos passaram a ser dez, dez tornaram-se vinte, vinte tornaram-se trinta, e assim sucessivamente até que começasse a aparecer um certo equilíbrio entre eles.
Persistência é a chave para que se alcance o sucesso, a vontade é o combustível que te conduz a vitória, e foram ambas que fizeram com que aquele jovem pela primeira vez aplicasse seu primeiro “xeque mate” em seu mestre.
O orgulho em ver a evolução de seu pupilo com o passar do tempo acabou atingindo o orgulho que ostentava de si mesmo, pois , após aquela derrota, ele não mais conseguiu vencer seu discípulo.
Suas jogadas antes infalíveis não mais surtiam efeito. Nem todo conhecimento que há tanto tempo trazia consigo era suficiente para criar alguma jogada que o ajudasse a virar o jogo. Seu discípulo não apenas tornou-se seu maior adversário, mas sim, aquele que precisava ser batido por ele, mas parecia uma tarefa um tanto difícil.
Onde está a lógica? Como é possível um discípulo superar o próprio mestre? Essas perguntas e outras começaram a ocupar seus pensamentos até que sem receio algum voltou-se ao jovem e compartilhou com ele suas dúvidas. Foi quando a resposta que obteve deu-lhe a maior aprendizagem de sua vida. Seu discípulo disse-lhe:
- Mestre eu jamais irei superar o senhor, se hoje eu consigo vencê-lo não é porque sou melhor, mas sim, porque conheço seus pontos fortes e seus pontos fracos, e uso isso a meu favor. Muito mais importante que aprender a jogar o xadrez e a entender as suas regras, foi a oportunidade que tive de estudar o meu adversário para assim conseguir derrotá-lo. Meu adversário era eu mesmo. Minhas dificuldades e minhas limitações. E o senhor me ajudou a vencê-lo.
“ A vida é uma aprendizagem contínua,
pois, quando achamos que já sabemos o suficiente,
algo surge e nos mostra o quanto ainda temos que aprender.
O quanto ainda podemos crescer,
e a buscar mais conhecimento.
O homem sábio não é o que sabe muitas coisas,
e sim, o que sabe que ainda há muito o que aprender”.